Transpetro celebra 30 anos de operação para transporte de combustíveis na seca e diz já se preparar para piora do clima
(Foto: Divulgação/Transpetro)
As secas extremas que atingiram o Amazonas em 2023 e 2024 ensinaram uma lição: a navegação precisa estar adaptada aos extremos do clima. Esta é a visão do diretor marítimo Jones Soares, da Transpetro, subsidiária da Petrobras. Neste ano, a empresa celebrou três décadas da Operação Codajás, um plano de contingência que garante o abastecimento de petróleo e gás do Amazonas durante as secas intensas na região.
“Durante muitos anos a nossa Operação teve um modo de funcionamento, uma característica, uma metodologia seguida de acordo com os níveis da vazante. Quando essa seca ultrapassou a média histórica, nós nos adaptamos e incluímos agora o apoio da Marinha do Brasil”, comenta ele, defendendo a atualização de planos de logística a considerar a possibilidade de novas secas recordes.
Ele lembra que, especialmente na seca recorde de 2024, foi necessária uma série de ações para garantir o transporte do petróleo e gás liquefeito. Dentre elas, a abertura de novos caminhos para navegação, com auxílio da Marinha, e pontos para transferência de cargas entre navios e embarcações ou barcaças que pudessem seguir viagem com os rios em níveis baixos.
“Conseguimos aperfeiçoar nossa Operação, tanto é que fomos a única frota de navios que não parou durante a seca do ano passado”, afirma Jones. Na seca deste ano, considerada menos intensa, a Transpetro não precisou acionar o plano de contingência. Somente em 2025, foram escoadas mais de 60 mil toneladas de gás liquefeito e 129 mil metros cúbicos de petróleo.
Aperfeiçoamento contínuo
Jones explica que há um trabalho contínuo para manter o aperfeiçoamento da operação, especialmente com a piora do clima. A Organização Meteorológica Mundial avalia que há grandes chances de a temperatura média global ultrapassar os 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais e se aproximar dos 2 °C entre 2025 e 2029. Em 2024, a média global já ultrapassou em 1,6 °C pela primeira vez.
“Temos feito vários estudos que incorporam ferramentas de otimização de rotas de navegação com o nosso Centro Nacional de Acompanhamento de Navios, no Rio de Janeiro. Por exemplo, se você tiver um navio em uma rota e a previsão meteorológica mudar, nós imediatamente alteramos a posição do navio para que ele continue de maneira segura”, explica.
Para ele, o planejamento da navegação nestes novos tempos vai passar pelo uso das tecnologias. “Para os próximos períodos, vamos utilizar cada vez mais a digitalização e a tecnologia”.
Outro ponto importante para o diretor é a presença do Estado nessas regiões. No caso dos rios amazônicos, há um decreto federal de agosto deste ano que abriu os rios Madeira, Tapajós e Tocantins para concessão à iniciativa privada. A expectativa é melhorar a navegação, apesar de haver receios com o maior fluxo de navios e os impactos às populações que vivem nas proximidades ou à beira desses rios.
Jones Soares diz que a concessão poderá influenciar mais a navegação de contêineres e transportes de granel sólido, pois o transporte de combustíveis tem rotas diferentes. Ainda assim, ele ainda ressalta que parcerias entre a iniciativa privada e o Estado são importantes, “contanto que funcionem para o bem do interesse do local”.