Existem cientistas, jornalistas, educadores interessados eticamente na partilha dos conhecimentos e a ser mais um no mutirão de plantação
Muticom chegou à 14ª edição e foi realizado em Manaus pela primeira vez
O que as organizações da Igreja Católica e da Comissão Episcopal para a Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepac-CNBB) estão dispostas a fazer por uma Comunicação transformadora e sustentavelmente justa?
O 14º Mutirão de Comunicação (Muticom) encerrado no domingo (28), no encontro das águas dos rios Negro e Solimões, deixou subsídios vastos. Realizado em Manaus, pela primeira vez, o encontro, aberto no dia 25, reunião mais de 400 pessoas interessadas no tema Comunicação e Ecologia Integral e como este seria desenvolvido nas diferentes atividades do Mutirão.
A metodologia, inaugural, envolveu 12 rios da pan-amazônia como roteiro de viagem e de imersão temática: participantes puderam conhecer um pouco da história e da importância dos rios desta região para a vida humana e não humana do planeta. O exercício desenha epistemologias outras e reivindica cosmovisões e cosmologias ignoradas na prevalência de um conhecimento formador.
São nas comunidades urbanas e não urbanas que profissionais da comunicação, agentes pastorais, estudantes e pesquisadores vinculados a um princípio cristão estão produzindo comunicação. Que modelo é usado? A quais interesses atende? Que valores preconiza? E de que modo essa comunicação impacta os sujeitos abarcados por ela?
Uma das implicações do 14º Muticom é a necessidade de pensar a transformação na comunicação. Fazê-la requer clareza quanto ao tipo de transformação desejada e estabelecer o percurso vigilante nessa direção. Sim, é preciso ter fé e determinação na construção da obra proposta, desconstruir vaidades e verdades coloniais, aproximar-se cada vez das pegadas de Jesus Cristo, se dispor à escuta das palavras e do silêncio Dele.
A Igreja, a Cepac e a Pastoral de Comunicação têm condições de continuar a protagonizar as boas mudanças. Dispõe de uma rede de veículos de comunicação e, principalmente, de milhares de homens, mulheres, jovens e adolescentes interessados em comunicar. Manejar o potencial desse recurso técnico e humano em outros rios trata-se da tomada de decisão. As sementes estão nos corações e nas mãos, que sejam plantadas, sem medo.
Existem cientistas, jornalistas, educadores interessados eticamente na partilha dos conhecimentos e a ser mais um no mutirão de plantação. O Muticom enquanto movimento mostrou o potencial mobilizador das vivências coletivas em torno da Comunicação e se coloca como um dos mecanismos indutores de políticas públicas nessa área, contribuir na formação de líderes comunitários e sindicais, socializar conhecimentos que posicionem o enfrentamento ao sistema de desinformação, da cultura da violência e de defesa da democracia no Brasil e no mundo. Assim fez Cristo.