Lula telefonou para Cid Gomes logo após a tentativa de atropelamento em massa promovida pelo senador licenciado do PDT. Prestou solidariedade. "É preciso que haja uma investigação, uma prisão e uma punição de um policial desse. Ele tem de ser expulso da corporação”, disse
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Lula telefonou para Cid Gomes logo após a tentativa de atropelamento em massa promovida pelo senador licenciado do PDT. Prestou solidariedade. Ao portal de notícias UOL, o petista disse, em texto publicado no sábado (22): “Não é o fato de o senador ter se exaltado que justifica um tiro no peito dele. Não tem explicação. É preciso que haja uma investigação, uma prisão e uma punição de um policial desse. Ele tem de ser expulso da corporação”.
O ex-presidente também disse que não tomaria a mesma atitude que Cid, mas... Segundo indicou Lula, o “estado de ânimo” pode ter colaborado para a atitude do senador. “Uma atitude errada minha não pode justificar uma atitude errada tua”, afirma Lula, reprovando os tiros disparados pelos policiais para conter Cid Gomes.
Alguém pode estranhar que o ex-presidente não condene em alto e bom som a atitude criminosa de Cid Gomes. Pudera. Lula não está mais preso. Nem é babaca. No frigir dos ovos, não está preocupado de fato com a crise de segurança no Ceará, nem com os tiros no peito de Cid. Lula, para variar, está preocupado com ele próprio, com o apoio do PDT em 2022 e na união das duas siglas já na eleição municipal de 2020. Eis um dos motivos da “solidariedade”.
Mas não é só. Há um pensamento que guia as ações de Lula e de boa parte da esquerda: “Os fins justificam os meios”, ou seja, qualquer iniciativa é válida quando o objetivo é conquistar algo. Significa que, se for “pela causa”, “em nome da causa”, “para a causa”, pode. Por esse prisma, Cid Gomes agiu em “estado de ânimo” exaltado em nome da causa. Logo, quem precisa ir para a cadeia são os policiais, certo? Entenda: TUDO, para boa parte da esquerda, é justificável – seja o que for.
Foi esse raciocínio que fez surgir o Mensalão – compra de congressistas em troca de apoio -, o Petrolão, e tudo o mais que a Lava Jato já descobriu. Preste atenção a essas duas perguntas e às respostas que deu o ex-ministro de Lula, José Dirceu, em entrevista à Folha de S. Paulo, no dia 20 de abril de 2018:
Lula fez um governo aprovado por 83% dos brasileiros. Por outro lado, desvios de milhões foram comprovados. O fato de vocês terem financiado campanhas com dinheiro de estatais e caixa dois não seria razão para um arrependimento, uma autocrítica?
Nós temos que denunciar o que fizeram conosco, e não foi por causa de nossos erros. O legado do Lula, o nascente estado de bem-estar social que ele consolidou, está sendo todo desmontado. Estão desfazendo a era Lula como quiseram desfazer a era Getúlio. Eu faço o balanço histórico: estamos do lado certo e o saldo de tudo o que fizemos é fantástico. Eu vou dizer uma coisa para você: a Igreja Católica Apostólica Romana tem uma história de crimes contra a humanidade. Não vou nem falar das Cruzadas ou da Inquisição. Se eu for olhar para ela, vou mandar prender todos os padres e bispos porque a pedofilia é generalizada. Ou não é? Mas é a Igreja Católica Apostólica Romana. A vida é assim. O mundo é assim. O PT cometeu erros? Muitos. Mas tem uma coisa: o lado do PT na história, o nosso lado, é o lado do povo, do Brasil.
Não tinha outro jeito de financiar campanha?
Tem: o autofinanciamento com apoio popular. Mas, nas condições que estávamos enfrentando, era impossível fazermos isso. Porque a dinâmica da vida política, do sistema, é essa. A solução seria financiamento público com lista [partidária]. O PT lutou, o Lula lutou também por isso. Mas ninguém quis fazer.
Entendeu ou precisa desenhar? Há uma linha de raciocínio, premissas, fórmulas, que conduzem as ações de uma grande parcela da esquerda, seja o uso do dinheiro público roubado para financiar campanhas, seja o uso de uma retroescavadeira como arma para enfrentar “inimigos”. A lógica é a mesma. Tudo em nome da causa.