Por Douglas Koneff, encarregado de Negócios da Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil
Na inauguração do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington D.C., em 2016, o diretor do Instituto Smithsonian, Lonnie G. Bunch III, disse: "Não há força mais poderosa do que um povo imerso em sua história. A lembrança é a melhor forma de honrar nossa luta e nossos antepassados". Nos Estados Unidos, nos concentramos nos meses de fevereiro, em celebrar os afro-americanos cujas contribuições, apesar da escravidão, segregação, racismo, ódio e violência, moldaram nossa nação e o mundo para melhor.
O Black History Month (Mês da História Negra) é mais do que uma reflexão sobre a história que nos trouxe ao presente. É uma oportunidade de destacar as conquistas da população negra em todas as Américas. Suas contribuições para a sociedade norte-americana, indústria, ciência, saúde, educação, tecnologia, comércio, artes, e todos os outros setores, estão profundamente enraizadas na história moderna dos EUA, além de impactar o mundo de forma mais ampla. Por exemplo, uma das vacinas contra a Covid-19 mais eficazes do mundo não existiria sem o trabalho da Dra. Kizzmekia Corbett - uma das duas cientistas dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH) que liderou a pesquisa governamental para criar a vacina MRNA da Moderna (Spikevax), que tem ajudado a salvar milhões de vidas em todo o mundo. Médicos da Filadélfia criaram o Consórcio de Médicos Negros contra a Covid-19, uma unidade móvel de testagem e vacinação que fornece assistência médica a pessoas com acesso limitado a serviços de saúde. Estamos em dívida com os trabalhadores negros da saúde e seus colegas de diversas raças e etnias que, trabalhando lado a lado, salvaram inúmeras vidas por meio de atendimento hospitalar, assistência médica e administração de vacinas, muitas vezes com grande custo pessoal.
O trabalho para construir uma sociedade igualitária não se limita a um mês do ano, mas todos os dias, em todos os níveis da sociedade, não importando sua origem. Aqui no Brasil, com base em nosso trabalho bilateral de longa data sobre equidade racial, os EUA firmaram uma parceria com o governo brasileiro e prestam assistência a organizações não governamentais que defendem as conquistas afro-brasileiras e apoiam os princípios de igualdade e inclusão social. Isso inclui programas que apoiam afro-brasileiros e outros grupos sub-representados, tais como cursos da língua inglesa para profissionais afro-brasileiros, parcerias entre faculdades e universidades historicamente negras dos EUA com universidades brasileiras, programas para mulheres empresárias, para estudantes do ensino médio da rede pública e diversos outros. Também temos orgulho de apoiar a preservação de espaços que nos remetem à difícil história da diáspora africana, como o Cais de Valongo, no Rio de Janeiro. Aprendendo com o passado e honrando aqueles que enfrentaram injustiças, esperamos criar novas oportunidades para o futuro.
O presidente Biden, em proclamação oficial, lembrou a seus concidadãos que "nossa nação foi fundada sobre uma ideia: que todos nós somos criados iguais e merecemos ser tratados com dignidade no decorrer de nossas vidas. É uma promessa que nunca cumprimos plenamente, mas da qual nunca nos distanciamos".
Os EUA e o Brasil compartilham esse ideal com muitas outras nações. Embora ainda tenhamos muito trabalho a fazer, este mês de fevereiro é mais uma oportunidade para dar visibilidade e apoio às pessoas e organizações que criam mudanças e nos instigam a trabalhar para criar uma sociedade mais justa, na qual todos recebem o mesmo respeito e têm o mesmo acesso à justiça, em todos os meses do ano.
A foto que ilustra este artigo é "Girl at Gee's Bend, Alabama", que integra o acervo digital do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana