Não podemos supor, sob risco irresponsável de uma nova tragédia, que estejamos isentos de uma terceira onda.
Junho voou. Sem festa, sem Parintins, mas com vacinação. Estamos aplicando na capital a primeira dose no grupo etário entre 20 e 29 anos! Se falássemos sobre isso em maio, pareceria algo improvável. Manaus já vacinou, de acordo com os números do vacinômetro, mais de 60% de sua população acima de 19 anos com a primeira dose e 22% com as duas doses.
Aos poucos, ou nem tanto aos poucos assim, nossos fantasmas e sombras se dissipam e já fazemos planos para a volta à normalidade da vida. Já estamos normalizando o não uso da máscara, mesmo que as autoridades de saúde digam exatamente o contrário. Sem falar das aglomerações, que parecem uma cena corriqueira e permitida para a cidade, que teve um início de ano tenebroso.
Manauaras, festeiros, calorosos e com um comportamento bem coletivo, não cogitam mais a terceira onda de infecções pelo vírus da covid-19, que antes nos assombrava. A população, as autoridades e boa parte da mídia parecem considerar a possibilidade uma página virada, que não merece atenção. “Mau agouro de cientistas negativistas” - mesmo que eles tenham acertado todos os episódios trágicos que vivemos recentemente. E não foi previsão mediúnica, foi ciência.
Conversei com alguns pesquisadores que são referência na área e a resposta é clara: o percentual de imunizados com duas doses ainda esta baixo, apenas 22% e; o comportamento da população de descumprimento das medidas sanitárias não ajuda! A possibilidade da terceira onda ainda é real, mesmo que façamos de conta que não!
Para corroborar com a tese, o mundo está repleto de exemplos: vejamos o caso do Reino Unido. Com mais dois terços dos britânicos já vacinados com a primeira dose e quase metade do total de habitantes imunizada com a segunda dose, a variante delta tem feito estragos significativos num território com uma das situações mais confortáveis do planeta. Numa contagem recente, a incidência de contágio superou os 120 casos por 100 mil habitantes, um aumento de 60% em relação à contagem anterior. Já se nota nas ilhas da Rainha Elizabeth o crescimento do número de internações e de mortes hospitalares.
E esse também é o cenário vivido por outras nações que estão à frente do Brasil na vacinação. Há uma semana, Israel voltou a obrigar o uso de máscaras em locais fechados! Diante de tantas evidências, não podemos supor, sob risco irresponsável de uma nova tragédia, que estejamos isentos de uma terceira onda - e agora atingindo em cheio a população mais jovem.
Sim, o assunto é indigesto, mas precisa ser abordado exaustivamente! Pode custar a nossa vida e a vida dos nossos! Depende em parte de nós! #Pensa