Festival de Parintins

Em busca do tetracampeonato, Caprichoso anuncia tema 'É Tempo de Retomada' para Parintins 2025

A arte do tema carrega os saberes do indígena Adolfo Tapaiüna, 21, estudante do curso superior de Tecnologia e Designer Digital (UEA/Parintins).

acritica.com
13/10/2024 às 09:25.
Atualizado em 13/10/2024 às 09:25

(Foto: Daniel Brandão)

“O tema escolhido para a busca do tetracampeonato do Caprichoso é um manifesto da cultura popular pela vida em todo o planeta, é um chamado para retomarmos práticas antigas e curativas para a vida e para a continuidade da humanidade”. Esta é a declaração do presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome, sobre o tema 2025 do Boi Caprichoso “É Tempo de Retomada” para o Festival de Parintins do próximo ano. A proposta temática foi anunciada neste sábado, 12 de outubro, no curral Zeca Xibelão, durante a festa de comemoração dos 111 anos do bumbá. 

“A hora é agora! É tempo de retomada pela cura da terra, pela vida, pelo futuro. É a retomada de fazeres, tradições e práticas de muito afeto a tudo que nos rodeia, é mais uma vez o povo da Amazônia ensinando ao mundo um novo rumo, guiado por saberes antigos, mas mergulhado em águas de muita arte!”, explica Ericky Nakanome sobre a proposta que o bumbá.

(Foto: Divulgação)

 A arte do tema carrega os saberes do indígena Adolfo Tapaiüna, 21, estudante do curso superior de Tecnologia e Designer Digital (UEA/Parintins). A tradição azul e branca tem como representante Ananda Cid, 30, bisneta de Roque Cid e que envolve a marca azulada com a história do Boi Caprichoso. O desenhista e finalista do curso de Artes Visuais (UFAM/Parintins) Denner Silva, 30, se junta ao grupo artístico para selar com conhecimento e criatividade a proposta artística do bumbá que se reveste de arte e cultura para defender a Amazônia.

“Essas três pessoas exprimem justamente a marca, o sentimento e a força de um tema que a gente entendia que não éramos nós que iríamos protagonizar essa visualidade, mas que essa visualidade precisava ser acima de tudo expressa por um importante tripé que galga esse tema: arte, tradição e ancestralidade”, revela Ericky.

Pela primeira vez na história do Festival de Parintins, um indígena assina a identidade visual de um bumbá. Adolfo Tapaiüna faz grafismo desde os 12 anos. Com a mãe aprendeu a trabalhar com artesanato e é o responsável pelas pinturas corporais da cunhã-poranga Marciele Albuquerque. Ele atuou na criação e execução da arte que simboliza a ideia do Caprichoso para a próxima temporada.

“Quando o Caprichoso traz um indígena para pensar a arte do tema, ele pensa no contexto de como o indígena ver a arte. A gente não entende a arte apenas no fazer manual, a gente entende a arte pela espiritualidade, pelo o toque, pela sensibilidade, pelo amor, pelo carinho, de como a gente vive o mundo. O Caprichoso tem esse cuidado sensível de dialogar, de entender que o olhar indígena é um olhar sensível de conhecimento, de amor à terra, de coletivo”, conta emocionado, Adolfo Tapaiüna.


Ancestralidade, Tradição e Arte

 A identidade visual é marcada pela ANCESTRALIDADE do indígena Adolfo Tapaiùna, pela TRADIÇÃO da descente Ananda Cid e pela ARTE do artista Denner Silva. Pilares alicerçados pelo Conselho de Arte e pelo presidente do Caprichoso Rossy Amoedo. “Nos últimos anos, o Caprichoso cria mais que um tema, ele cria manifestos, lutas, discursos e ações que exaltam nossa cultura, nossa gente, nossa ancestralidade. Então, vamos brincar de boi, mas também vamos defender nosso povo”, declara Rossy Amoedo.

Na arte, uma mulher indígena grávida segura uma criança simbolizando o renascimento. A serpente em grafismo representa a renovação, retomando-se a cada momento. “As cores do Caprichoso e as raízes é de onde a gente acredita encontrar a solução pra todos os problemas atuais e para termos a esperança de dias mais seguros no amanhã, no futuro. Então a força da marca é isso expressada por eles”, explica Nakanome.

A arte ancestral se mistura com a técnica atual da ilustração digital. A parintinense e representante da família do fundador do Boi Caprichoso, Ananda Cid, trabalhou nas cores da marca. Colorista de profissão, ela trouxe um toque de contemporaneidade ao fazer manual proposto pelo tema.

Finalista do 8° período de Artes Visuais e desde 2016 no Boi Caprichoso, Denner Silva atuou nas ilustrações que compõem a arte. Segundo ele, foi preciso muita dedicação para criar uma marca que representasse bem o tema do bumbá. “É um desafio e uma responsabilidade muito grande. É muito gratificante e fiquei muito feliz em poder fazer parte deste trabalho”, disse.

Bisneta de Roque Cid, Ananda Cid disse que ficou surpresa com o convite do presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome. “Além de ser de uma família tradicional do boi, a família Cid, é uma honra pra mim também fazer parte de algo pro Caprichoso. Não ser só a Cid torcedora, mas a Cid que também ajudou a construir a marca do Caprichoso para 2025”, disse emocionada.

O Conselho de Arte do Caprichoso trabalha na formulação do tema 2015 desde agosto deste ano. Os conselheiros realizam constantes reuniões para montagem total do projeto de arena e conquistar o quarto titulo consecutivo no Festival de Parintins.

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